Desta vez, Shaquille O’Neal estava longe. Sem a sombra do pivô que brilhou nos três últimos títulos do Los Angeles Lakers, Kobe Bryant conquistou mais um, e agora não há dúvidas: a quarta taça é dele. É também, claro, do consistente Pau Gasol, do insistente Lamar Odom, do onipresente técnico Phil Jackson. Mas é, em resumo, do homem que veste a camisa 24. Aos 30 anos, Kobe toma a NBA de assalto sem ninguém para lhe ofuscar o posto de dono do time.
Com 30 pontos em uma vitória inapelável por 99 a 86 na noite de domingo, Kobe ajudou os Lakers a fechar a final da NBA em 4 a 1 e conquistar seu quarto título - o 15º da franquia e 10º de Phil Jackson, que passa a ser o técnico mais vitorioso da história da liga americana.
O jogo 5 em Orlando não teve, nem de longe, a emoção de tantos outros embates de um playoff colocado entre os melhores de todos os tempos. Não teve para o Orlando. Porque, para os Lakers, a noite de domingo foi de festa. A 40 segundos do fim, com a vitória garantida, Kobe já comemorava o título com os companheiros no banco. Quando a sirene tocou, deu um abraço emocionado em Phil Jackson, com quem já teve rixas, mas foi campeão quatro vezes.
- É como um sonho, é inacreditável. Na quadra, eu mal conseguia esperar até o jogo terminar. Esse time se sacrificou muito, conquistamos esse título juntos – afirmou Kobe, no centro da quadra, eleito o MVP da final, honraria que pertenceu ao ex-desafeto Shaquille O'Neal nos três títulos anteriores.
Com seu 10º anel de campeão, Phil Jackson ultrapassa os nove de Red Auerbach com o Boston. Após a conquista no domingo, o técnico dos Lakers fez questão de lembrar o mito dos Celtics, que morreu em 2006.
- Vou fumar um charuto pensando no Red – afirmou Jackson, referindo-se ao hábito de Auerbach em noites de título.
Para chegar ao topo da NBA em 2009, Jackson e Kobe atravessaram uma longa estrada. Na temporada regular, foram 65 vitórias e 17 derrotas, melhor campanha da conferência Oeste. Na primeira rodada dos playoffs, a equipe passou fácil pelo Utah Jazz, por 4 a 1. Nas semifinais do Oeste, um sofrido 4 a 3 sobre o Houston Rockets. Na decisão da conferência, a vítima foi o Denver Nuggets, por 4 a 2. O Orlando foi o último obstáculo, mas também tombou após um 4 a 1.
O último jogo da série contra o Magic teve um primeiro quarto equilibrado, e só. Os dois times começaram dividindo bem o ataque e, atuando em casa, o Orlando conseguiu segurar uma vantagem de dois pontos após os 12 minutos iniciais.
Dali em diante, Kobe começou a tomar o controle da partida. No intervalo, ele já tinha 15 pontos, e os Lakers lideravam por 56 a 46. Conhecido pela boa pontaria nos chutes de três, o Orlando errava quase tudo àquela altura: apenas um acerto em nove tentativas, aproveitamento irreconhecível para a equipe.
Veio o terceiro período, e a diferença a favor do Los Angeles só aumentou. Com a participação de Lamar Odom, autor de 17 pontos saindo do banco, a equipe visitante deslanchou no placar, esfriou a torcida na Flórida e não foi mais alcançada. Nos 12 minutos finais, bastou controlar o ritmo para garantir a taça em território adversário.
Aos poucos, a ficha foi caindo e a torcida na arena do Orlando desanimou. Após a partida, no entanto, ouviram-se gritos nada tímidos de "Kobe, Kobe" nas arquibancadas.
Um ano após ser derrotado pelo Boston Celtics em decisão na qual tinha banca de favorito, os Lakers não deixaram o título escapar desta vez. Com 30 pontos de Kobe na última partida e atuações decisivas ao longo de toda a temporada, a NBA ficou roxa e dourada em 2009. Méritos de um time determinado e incansável. Um time que tem dono. Kobe Bryant, quatro vezes campeão.
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